quarta-feira, 24 de abril de 2013

BASTIDORES: entrevista com Arleyde Caldi

Maria Arleyde Morais Correia Caldi, 50 anos, natural de Livramento de Nossa Senhora, Bahia.
Assessora de Zezé di Camargo e Luciano desde setembro de 1991, há quase 22 anos, assumiu recentemente outro nome sertanejo que mobiliza muito a mídia: Luan Santana.
Cuida de perto, ao lado do filho Leonardo Caldi, 24, da Caldi Comunicação, empresa de assessoria criada há 6 anos e que possui as contas de Munhoz e Mariano, João Neto e Frederico, Marcos e Belutti e mais 12 artistas, que vão de Israel e Rodolffo até Rick e Renner, passando por Fred e Gustavo e Henrique e Juliano.
Ou seja, uma parcela considerável de notícias sobre duplas sertanejas que você lê por aí, sai do QG dos Caldi.
Baiana residente em São Paulo, jornalista pela Metodista, dividiu seu trabalho na Contigo! com a assessoria de Leandro e Leonardo no final dos anos 1980. Aceitou, anos mais tarde, assumir uma dupla chamada Zezé di Camargo e Luciano, que estava sendo lançada.
De lá pra cá, acompanhou a explosão do sertanejo dos anos 1990, viu seus “meninos”, como ela os chama, tornarem-se artistas número 1 no país, presenciou a exposição de toda a família Camargo, considerada por ela a “Família Real” do Brasil, vivenciou um dos sequestros mais longos do país, assistiu a uma quase-separação, e se acostumou com as declarações polêmicas da dupla.
Abaixo, a conversa que eu tive com ela.
 
*Fotos: Rosa Marcondes, com exceção da imagem abaixo.
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Foto de 2001, na Cidade do México
 
Antes de perguntar da sua história, qual dos dois te dá mais trabalho? Zezé ou Luciano?
Ah… na realidade, não diria que eles dão trabalho. Eles são muito sinceros e assumem as declarações, então não costumam gerar problema pra mim. Eu sempre defendo que o artista ganha muitos pontos com a imprensa se ele for sincero. Por mais que acabe gerando alguma polêmica, é melhor que ele seja transparente do que tente passar uma imagem que não condiz com ele.
 
Você já teve alguma discussão mais dura com eles após alguma declaração?
Não, meu papel não é o de controlar o que eles falam. Eu digo que sou mãezona deles, trato como filhos, mas não sou babá. Quando eu não acho legal alguma coisa dita, eu converso, temos essa liberdade, dou minha opinião.
 
Você acaba sendo quase assessora da família toda, por tabela…
Eu digo que a família Camargo é a “Família Real” do Brasil, e não é brincadeira. Qualquer coisa que aconteça com algum deles, é notícia. Se a Camila (filha mais nova do Zezé) pega dengue, é notícia. Se a Wanessa machuca o pé, é notícia. Se o seu Francisco pega gripe, é notícia. Se a Zilu, que é ex-esposa, publica algo no Facebook, é notícia. Já faz muito tempo que é assim e eu nunca vi nada parecido com alguma outra família de artistas.
 
Profissionalmente, o sequestro do Wellington foi sua passagem mais difícil? A briga em Curitiba chegou perto?
Foram duas situações de muito estresse, mas a mais complicada foi o sequestro, sem dúvida. Eu não vou me estender no assunto porque é uma questão particular da família, você sabe que é um assunto delicado, muito pessoal. Em relação a imprensa, foi sim o momento mais complicado pelo qual eu já passei. Foram 95 dias, então a certa altura, como toda a situação exigia máximo sigilo, começaram a inventar notícias. Na TV, nas revistas, e isso foi bem complicado. Inaceitável, ainda mais vindo de veículos grandes. Uma coisa é você escrever sobre a dupla sabendo que o que está em jogo é a música dela. Outra coisa é você escrever sabendo que o que está em jogo é uma vida. Houve muita irresponsabilidade.
 
E em Curitiba? Depois que a poeira baixou, você considera que fez um bom trabalho?
Sim. Eu acredito que fiz sim. Não tínhamos o que esconder e não escondemos. Mantivemos o direito de privacidade do Luciano, que estava na UTI, mas não maquiamos nenhuma situação. A tensão naqueles dias foi grande. De repente, no hospital, apareceram com um tal de “gestor de crises” que queria me ensinar como lidar com a família com quem eu convivia há 20 anos. E eu tinha claro pra mim que se as ordens dele fossem aceitas, eu iria embora. Não do hospital, mas da vida da dupla. No final das contas, consegui levar da forma que nós sempre levamos. Queriam que o Zezé di Camargo entrasse escondido no hospital, e eu insisti que não. Tinha algo pra esconder? Brigaram em cima do palco, com todo mundo vendo, e agora vão querer que ele entre pelas portas do fundo? Ele entrou pela frente, falou com a imprensa e subiu.
 
E o que você diz aos que dizem que a história da separação era apenas uma jogada de marketing?
Que tipo de marketing? Por que seria? Só se for marketing ao contrário.
 
O caso de Curitiba foi só mais um que a imprensa ficou em cima. Pra você, que trabalhou em revista de celebridades, qual é o limite por essa busca de informações?
Eu não vejo limite pra informação. Sendo verdade, o que o jornalista abordar, ele tá certo. Eu posso não gostar da abordagem, da notícia, mas não vou discutir ou tentar desmenti-lo. O problema é a mentira. Mentira tem de ser combatida e eu faço isso. Ligo, peço retratação e defendo que se vá até o fim. A dupla é muito verdadeira nas entrevistas, tanto é que sempre acaba dando repercussão, então não aceito quando inventam algo.
 
Durante muito tempo se falou que o casamento do Zezé e da Zilu era fachada, mas ele sempre negou. Recentemente, o casamento acabou e ele declarou que a traía. Não houve uma maquiada na história?
Não, não. Eles estavam casados e dividiam o mesmo teto. Isso não é só uma palavra oficial, isso é a realidade. Quando ele decidiu se separar, foi o primeiro a falar na imprensa, e ainda disse que tinha errado com ela por quase 10 anos. De qualquer forma, ele tem o direito também de não querer expor o que acontece dentro da casa dele.
 
O jornalismo de celebridades te incomoda em algum momento?
De maneira nenhuma. Trabalhei anos em publicações desse perfil. Eu considero um erro excluir seu artista desse tipo de imprensa. O que muitos artistas precisam entender é que pra muitos veículos, a música dele não é tão importante quanto a vida pessoal dele, e isso tem de ser respeitado. Cada veículo tem seu interesse, seu perfil, e se o artista realmente quiser se manter em evidência e ter uma longa carreira, precisa dar valor a todos. Se você olhar os artistas que trabalham com a gente, vai ver que todos têm uma identidade nossa de trabalho, estão nos veículos mais diferentes, sem menosprezar ninguém.
Quando surge a Caldi Comunicação?
A empresa é criação do meu filho Leonardo. Ele cresceu vendo a mãe dele trabalhar no meio, aprendeu muitas coisas ainda novo. A história começou quando o Eduardo Maluf, que era empresário da Maria Cecília e Rodolfo, passou a encontrar o Léo nas festas e a dizer que me queria como assessora da dupla dele. Isso era 2008. Chegamos a marcar um encontro e eu disse ao Edu que não tinha tempo. Em meio a essas conversas é que o Léo se dispôs a abrir a empresa. Começou com Maria Cecília e Rodolfo e não parou mais.
 
Como funciona o escritório?
Quem toma conta é o Léo, eu sempre reitero isso, e a gente tem mais três meninas, a Karine, Dayane e a Renata. Cada uma tem sua conta, trazem clientes, enfim, é um exemplo de trabalho em grupo. Eu entro na supervisão. Tudo o que acontece passa por mim, textos, releases, ideias de pauta. Com o crescimento da empresa, o Emanuel (irmão e empresário de ZZeL) me chamou dois anos atrás e nós fizemos um acordo financeiro pra que eu também pudesse atuar na Caldi com toda a base que eu conquistei assessorando a dupla.
 
Ao todo, vocês cuidam de quase 20 artistas. Junto com o crescimento, ouviu-se bastante crítica em relação a ética, pegar artista dos outros e etc. Como você recebeu isso?
Olha, eu não aceito ouvir isso. Acho engraçado quando dizem isso, porque nunca bati na porta de ninguém. Jamais fui atrás de um empresário pedir pra assessorar um artista e meu filho também não faz isso. Sei que sou recomendada por algumas pessoas importantes e sou muito grata, mas é tudo fruto de muito trabalho. Acho engraçado que criticam só quando mudam pro meu escritório, não entendo o problema.
 
A que você deve a procura tão alta pelo escritório?
Acho que são os anos dedicados a Zezé di Camargo e Luciano aliado ao trabalho que vem sendo feito com outros artistas. Quando João Neto e Frederico chegaram pra gente, dois anos atrás e já muito bem de show e de rádio, eles jamais tinham pisado na Globo, nunca tinham entrado no Projac. No final das contas, eles fizeram até duas participações na “Cheias de Charme”. Isso é importante e as pessoas reparam.
 
Você se tornou assessora do Luan Santana há poucos dias. Sua primeira ação foi a capa da Contigo! com ele e a namorada. Comenta-se que o intuito da matéria é mudar a imagem dele pra um artista mais adulto. Foi essa sua intenção?
Ali foi um trabalho discutido em equipe. Luan não tá namorando? Não sai com a moça, não janta com a moça, não leva a moça nos shows? Então qual é o problema de sair na capa da revista? A matéria ficou ótima, deu uma repercussão positiva e foi verdadeira, o que é o melhor de tudo.
 
E aquela ideia de que o artista não deve dizer que namora pra manter a ilusão das fãs?
Isso não existe mais faz tempo. Você entra na internet e vê foto que as fãs tiram, vê que elas trocam informação, não tem segredo. Essa estratégia se usou muito lá atrás, hoje não faz sentido.
 
Encerrando com o que deveria ser a abertura, como é que você foi virar assessora de dupla sertaneja?
Eu tinha passado pela Folha de S.Paulo, Folha da Tarde, e estava na Contigo!. O Fabio Lizzi e o Franco Scornavacca (empresários) queriam uma assessora de imprensa pro Leandro e Leonardo que tivesse alguma proximidade com televisão. Como eu cobria TV, ele me convidou e eu fiquei alguns anos fazendo frila. Quando Zezé di Camargo e Luciano foram pro escritório, ele me fez outra proposta. Nessa época, eu tinha férias pra cumprir e fui pra Bahia. Cheguei lá e ouvi “É o amor” em Salvador, mas ninguém fazia ideia de quem cantava. Voltei e aceitei o trabalho. Isso foi em setembro de 1991. Cheguei a me afastar 8 meses por questão de saúde do meu caçula, mas voltei logo depois. E estou aqui até hoje.
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Fonte: Blog Universo Sertanejo

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