André Piunti - Blog Universo Sertanejo
Michel Teló está lançando, nesta semana, “Michel Teló – Sunset”, o 3º CD e DVD de sua carreira solo, iniciada em 2009. Na próxima quinta-feira, na Brook’s, em São Paulo, ele realiza um coquetel para convidados, seguido de um show com venda de ingressos.
O projeto, que chega com o desafio de manter Michel como um dos principais artistas do país, traz dois nomes convidados: Paula Fernandes e a dupla Bruninho e Davi. As gravações aconteceram em 3 cidades durante fevereiro e março: Guarujá-SP, Florianópolis-SC e Angra dos Reis-RJ.
Do novo CD/DVD, “Love Song” já foi trabalhada nas rádios, e foi recentemente substituída por “Amiga da Minha Irmã”.
Abaixo, a conversa que tive com ele.
O seu novo projeto tem algumas canções românticas fortes, uma já foi trabalhada, outra vai ganhar destaque nos próximos dias, e uma terceira, gravada ao lado da Paula Fernandes, talvez seja a melhor do DVD. Você pretende passar a explorar esse lado romântico?
Pretendo explorar o romântico sim, mostrar pras pessoas que não me conhecem muito que eu também tenho esse lado romântico. A gente sempre escolheu trabalhar músicas de balada, então tem horas que a gente precisa mostrar que nosso repertório é bem mais abrangente.
E como surgiu a ideia de convidar a Paula?
Eu sempre fui muito fã dela. O convite não é novo, eu quis que ela participasse dos meus outros DVD’s, mas não tinha dado certo. Dessa vez rolou, gosto muito dela pessoalmente e como artista, e concordo que a música acabou ficando uma das melhores do DVD.
Abaixo, “Se tudo fosse fácil”, gravada ao lado da Paula Fernandes.
Uma das principais românticas do disco, “Maria”, faz parte de um grande projeto que vocês mantiveram em sigilo desde o ano passado, e agora você resolveu abrir. Qual é esse projeto?
Eu gravei cerca de 400 nomes, além de “Maria”, pra um projeto que vai ser lançado pro dia dos namorados. Vai ser algo no qual a gente tá apostando muito, usando uma ferramenta do Facebook. Essa semana vai sair um clipe da música, e mais pra frente vai sair um clipe interativo. A menina vai poder ouvir a música com o nome dela em vez de ouvir o nome “Maria”, além de vários outros detalhes que a ferramenta possibilita, como usar imagens da pessoa no clipe. Eu acredito muito que vai andar bastante a brincadeira, já que é algo que ninguém fez ainda.
Abaixo, o teaser do clipe “Maria”, que será lançado na sexta-feira.
Como você recebeu a notícia de que havia sido premiado no Billboard Awards, no último domingo?
Cara, eu tava nessa correria de ensaiar o show novo e não tava sabendo da premiação. Fiquei sabendo pelo Twitter quando o pessoal começou a me dar parabéns. Eu vou falar o que? A resposta é a mesma de sempre, incrível. Lá nos Estados Unidos, numa premiação respeitada, uma música em português ganhando como principal música da América Latina, que tem tantos artistas estourados no mundo todo. É mais uma dessas coisas que a gente não entende, só fica muito feliz.
Uma das apostas do DVD é a música “Levemente Alterado”, gravada com o Bruninho e Davi. Qual sua relação com eles e por qual motivo você escolheu uma das canções mais fortes pra dividir com eles?
Os meninos fazem parte do meu escritório, “Brothers”. Fiz questão de colocá-los no projeto com uma música que é forte e tem a cara deles. Eles são irreverentes, tem essa linha mais de zoeira, e quando surgiu a “Levemente Alterado”, na hora já pensei neles. A música dando certo é bom pra mim, pra eles, pro escritório. Além disso, é legal que juntos a gente se diverte mais também.
Você tem 20 anos de carreira, e em 2012 você atingiu seu auge, chegou a um ponto no qual você nem imaginava chegar. Agora que uma parte grande dos seus objetivos foi concluída, o que te motiva? A vontade de subir ao palco continua a mesma?
É a música, cara. A música é mais forte que tudo. Não me vejo longe dos palcos, não me vejo sem cantar, sem tocar, sem me divertir fazendo o que eu gosto. Eu me prendo na ideia de formar uma carreira extensa, de muitos anos, não parar por aqui. Tenho 20 anos de carreira e muita gente me conheceu agora, então tenho muita coisa pra fazer pela frente. Acho que a gente tem que se apegar aos grandes exemplos. O Roberto Carlos é o maior deles. Cantou pra jovens, se reinventou e virou nosso maior artista. Esse desafio de se reinventar e permanecer é o que faz a gente seguir, junto com o amor pela música, claro.
Há uma frase famosa que fiz que fazer sucesso é difícil, mas se manter é mais difícil ainda. Você concorda com isso, já que seu estágio hoje é o de se manter no sucesso?
Eu discordo quando dizem que é mais difícil manter, eu acho que é igual. Mas olha… é difícil, viu? É engraçado porque é tudo muito louco, você não pode parar, tem que estar ligado o tempo todo, acelerado. Eu vejo tudo o que eu conquistei e penso: “como eu vou fazer isso de novo, estourar no mundo?”. É um desafio novo se manter e mostrar seu valor, tão difícil quanto fazer sucesso, mas isso é parte do nosso trabalho.
Você virou garoto propaganda de empresas grandes e continua sendo procurado pra grandes campanhas nacionais. No mercado sertanejo, rolam pesquisas que mostram que você tem uma rejeição muito baixa, e que carrega o que a gente chama de “boa imagem”. A que você acha que isso se deve?
Cara, eu acho que tem muito do respeito com que eu trato as pessoas. O carinho e o respeito pelo ser humano talvez seja um desses motivos, acho que isso acaba transparecendo quando alguém me encontra ou quando apareço na TV, não sei. Não sou um cara de polêmicas, sou muito tranquilo, e acho que isso faz com que as pessoas entendam que eu sou um cara.. Eu sou um cara que acredita em Deus, e acho também que pode ser um dom. Sou o mesmo cara no palco, no camarim, em casa, acho que as pessoas percebem isso e isso conta a favor pra mim.
É real a história de que a música “Aconteceu” foi baseada na sua história com a Thais Fersoza?
É isso sim… na verdade, quando eu tava no estúdio mexendo no repertório, o Neto Shaefer, que fez os violões, tava com a ideia do refrão na cabeça. Eu e o Dudu (Borges, produtor) sentamos com ele e a música foi saindo, e eu percebendo que a letra tava narrando o que aconteceu comigo e com a Thais. Os dois tavam numa situação de não querer se meter com relacionamento, eu tava trabalhando como nunca, mas aí a gente se encontrou e deu aquele estalo, aí… A música acabou narrando bem o que aconteceu com a gente.
Abaixo, a canção “Aconteceu”.
Como andam os projetos para o exterior? Tem algum show confirmado?
Eu não sei como está a agenda porque quem cuida é o Teotônio (Teló). A gente continua tendo pedido o tempo todo, mas não dá pra gente largar o mercado aqui. O meu DVD novo vai ser vendido em vários países, até o final do ano eu gravo um CD com músicas em inglês e espanhol pro mercado internacional, com todo o apoio da gravadora, mas sem loucura. Não tô me impondo a obrigação de estourar lá fora, mas é claro que a gente tem a intenção de seguir bem lá fora.
Um ano após aquela loucura do estouro da “Ai se eu te pego”, seguida de uma série de críticas, que você tirou de bom e de ruim?
Eu tirei sem dúvida mais coisas boas do que ruins. Como eu venho de uma cidade do interior, você não espera que sua vida vai mudar de uma hora pra outra como aconteceu. Tudo era notícia, você espirra e vira notícia, é muito maluco pra quem não tava acostumado com essas coisas. Você acaba aprendendo a lidar com isso e leva numa boa, hoje eu aprendi, mas na hora é uma pressão diferente. Receber críticas, por mais que você não perca tempo com elas, te deixam chateado. Eu tirei uma coisa muito boa que é aprender a me preocupar com quem fala e me conhece. Eu ouço muito quando um Roberto Carlos fala de mim, quando um Xororó fala de mim. Quem me critica sem saber da minha história, sei lá, deve ter alguma frustração, alguma inveja. Respeito quem não gosta, não tenho problemas com isso, mas acho complicado falar da carreira ou do trabalho de qualquer pessoa sendo que você não conhece o suficiente.
Você foi convidado pra participar da Virada Cultural, mas acabou não rolando. Os fãs de música sertaneja reclamaram muito da pouca representatividade do sertanejo dentro do evento (apenas Sérgio Reis e Renato Teixeira se apresentaram). Qual sua opinião sobre o assunto?
Eu fiquei feliz pelo convite, acho o projeto interessante, não pude por questões de data mesmo, principalmente por logística. Eu acho que deveria haver espaço igual pra todo mundo, não deixarem o sertanejo de lado. Cadê o palco sertanejo, as duplas tradicionais, o povo das antigas? Eu acho legal que haja espaço pra todo mundo, que todas as tribos estejam representadas, mas e a nossa? E o Milionário e José Rico? Sou a favor de que se faça um palco, chame um pessoal e deixa na mão dos sertanejos que eles sabem o que fazer. Podia rolar a história do sertanejo no palco, dos mais tradicionais aos mais novos, pra gente poder mostrar que esse sucesso de hoje não nasceu ontem.
E não defendo que imponham o que as pessoas vão ouvir. Não acho certo colocar um sertanejo antes ou depois de um show do Criolo, por exemplo. São públicos diferentes, porque forçar os caras ouvirem ao que eles não gostam? Faz uma festa pra todos, cada um no seu espaço, e assim todos são respeitados e promovem suas culturas. Um evento cultural tem que ter música sertaneja, que é parte de uma cultura genuinamente brasileira. A música sertaneja precisa ser respeitada.
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